sábado, 2 de maio de 2009

Paixão pela Capoeira!

Na vida, é preciso ter um sonho, um desejo, uma ambição e uma paixão. Algo que crie dentro de nós a vontade e a energia necessária para conquistarmos nossos objetivos, para superar as dificuldades, as frustrações e as barreiras encontramos no caminho.

A Capoeira desperta esta paixão em muitas pessoas. Paixão pela música, pelo ambiente, pelas pessoas, pelos movimentos, pelas letras das canções e pela tradição que emana de sua história.

É muito bonito e emocionante ver a realidade do Projeto Porta aberta. Um projeto que começou como um grande sonho, que em um determinado momento parecia que se tornaria um pesadelo. Em muitas ocasiões foi nítida a sensação de que o Projeto iria acabar. nestes momentos prevaleceu a fé, a crença, a raça e o ideal daqueles que nunca desistem, que sabem que tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Que é preciso resistir às intempéries da vida.

Hoje, dia 02 de Maio, estive no Capão e pude presenciar um momento de alegria, de comunhão e de vida.... dezenas de crianças e jovens, reunidos... brincando, aprendendo, tocando idéias, trocando experiências... acreditando em si mesmas e na Capoeira enquanto em fenômeno de integração social, de superação de limites, de descobertas... de bagunça também em alguns momentos, afinal, são crianças e crianças gostam de brincar, de se divertir... infelizmente, nós adultos, com nossas neuroses e incompreensões é que criamos expectativas em demasia, criamos regras excessivas, engessamos a vida... só a criança tem a espontaneidade a flor da pele, tem o sentido de liberdade presente em seu corpo, em sua mente, em suas emoções... em pensar que toda esta experiência tem e terá um efeito positivo em toda a vida destas crianças... efeito positivo de auto estima, de acreditar em si mesmo, de atingir objetivos e, o que é mais importante... de ser feliz. Por que a felicidade é simples e se vive a cada momento, a cada respiro, a cada sorriso.

a felicidade do encontro, da partilha, compartilhar...

A roda transcorreu com alegria, com entusiasmo. Todas as crianças jogaram. Os adultos também. Como muitas das crianças ainda são novas na Capoeira (entraram há pouco tempo), ainda não têm a disciplina e a concentração necessária para bater palmas e responder o coro o tempo todo. em muitos momentos ficam dispersas, olham para o jogo, conversam com os amigo, saúdam os pais, enfim, perdem o foco da roda.

Como educadores, compreendemos esta distração das crianças e em nosso papel de ensiná-las a terem maiores níveis de concentração, por um momento paramos a roda e pedimos que prestem mais atenção, que batam palmas e que respondam o coro.

Ao final da roda, quando criamos um momento para que quem quiser possa falar, após a fala de Elaine, que comentou sobre a dispersão das crianças, resolvi reforçar a mensagem e naquele momento me ocorreu uma metáfora interessante. Falei da importância do coro e disse que o coro na capoeira é igual ao grito da torcida numa partida de futebol. Quando a torcida está animada e entoa os seus gritos de guerra, passa uma energia especial para a sua equipe que esta jogando. Muitos s referem à torcida como o 13o jogador e o seu desempenho faz toda a diferença. Uma torcida animada, leva o time a jogar melhor, com maior entusiasmo, maior determinação e vontade. O estímulo da torcida pode levar o time a marcar gols e sair vitorioso. Portanto, na Capoeira, o coro e as palmas são exatamente isso, como os gritos da torcida no futebol. Cada canto respondido transmite aos jogadores e à roda como um todo a energia para que o jogo se desenrole e cresça. Um coro bem respondido faz toda a diferença e influencia positivamente todo o time da Capoeira. No final, todos saem vitoriosos e eufóricos com a vitória. Vitória de todos, diga-se de passagem, já que, como sabemos, na capoeira não existem perdedores.

Iê volta do mundo!